O restaurante popular /universitário da dona Carmem fechou.Nenhum malandro,estudante ou artista desocupado poderá comer de graça.Ficarão fazendo hora com fome sentados no banco da praça.Os cachorrinhos,que minha tia e mãe ajudavama criar,não terão mais um lugar para encherem a sua pança.Tem raiva de minha tia porque não tinham coragem de ir à feira no final para comprar verduras mais baratas para e distribuir com a vizinhaça.Tem raiva de minha mãe porque quando meu pai morreu continuou trabalhando.Quando quiseram demitir
minha mãe a colocaram numa trabalho pior.Tinha que varrer o prédio e lavar túneis de lixo.Não achava muita coisa não.Ela tinha vergonha do trabalho.Precisávamos do dinheiro.Gostamos de dinheiro. A pensão que meu pai deixou era pouca.E aí,filho ?Não tem problema.Também trabalhávamos com comida desde cedo.Trabalhavamos por comida.Fazíamos contas dos restaurantes populares.Lavamos pratos.Nunca faltou comida em minha casa.Sobrava um dinheirinho.Apesar de humilde as casas ainda são nossas.Quanto a espécie do serviço,não nós achamos inferiores por isso.Mesmo porque sabemos diferenciar trabalho de condição social.Como trocávamos serviço por comida sobrava para dar para o povo.Fora a educação.Somos humanistas e acreditamos na ética do trabalho.Fomos criados dessa maneira: jack of all trades.A reza da minha tia. Cansamos de educar os filhos dos outros de graça.Vivia todo mundo em nossas casas. Como já disse, dá para contar nos dedos quem não é cria da casinha.Casinha da cultura,com direito a coquetel , música de primeira e aulas de filosofia e literatura de graça.Inventamos grupos de estudo.Damos mais a valor à educação do que dinheiro e luxo a curto prazo.Acreditamos que um futuro melhor para a humanidade passa por esse caminho.
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