A morte do pai ou como se morre um alcoólatra

Numa fria.Um dia chego da escola e recebo a notícia que meu pai estava muito mal em casa.Na época morava com minha avó.Brigara com ele.Me expulsou de casa.Não concordava com o jeito que ele tratava minha mãe.Mesmos separados teimava em brigar com ela.Recalcado,ciumento e possessivo.Esses eram seus piores defeitos.No fundo sentia toda pressão de ser filho de mãe negra numa sociedade embranquecida.Para piorar não foi reconhecido pelo seu pai branco.Essa dupla origem lhe rendeu um caráter ambivalente,quase uma dupla personalidade.Quando não bebia era uma pesssoa quieta e introspectiva,não demonstrando quase nenhum sinal de afeto.Ao contrário quando bebia era amigável e falante até demais dando uma de rico torrando nos bares da cidade toda grana que ganhava como escriturário da energipe.Bebeu até se foder.O médico disse que não parasse de beber,morreria.Não parou.Cirrose.Parte do fígado petrifica.O sangue não congula direito.Surgem varizes no esôfago por causa da hipertensão arterial.Que facilmente se rompem causando uma hemorragia intensa.Fui vê-lo.Ele estava no quarto deitado na cama ao lado de um penico cheio de sangue.Falei com ele.Não respondeu.Começou a vomitar de novo.Pego um balde.O sangue saí em jatos com coágulos que  mais se parecem com o restante do seu fígado em pedaços.Olhei para ele.Não foi assim que gostaria que terminasse ?Não respondeu.O olhar vítreo do que estão agonizando.Uma semana depois morreria no hospital deixando uma sensação de vazio.Daí em diante,teria de ser pai de mim mesmo.