
grande prova
de resistência
o bolso furado
caindo trocados pelas calças
escorregando pelas meias
fedor de cachaça
ziguezagueando pelas calçadas
falta de prumo
sempre fui um bom filho
de Deus
na sua santa presença
não tinha comida na mesa
as crianças tinham olhos de fome
e minha mulher reclamava da sorte
com razão
o bodegueiro fechava a cara quando me via
e vagavamundo atrás de trabalho
um bico atrás de outro
Deus me esqueceu
só o diabo andava comigo
me diziam meus melhores amigos e parentes
afinal a miséria é coisa do diabo
uma atrapalhação da zorra !
mas ainda não tinha perdido minha fé
tenho uma alma barroca
vivo entre o sagrado e profano
as luzes e as trevas habitam meu corpo
qualquer coisa pago penitência
a aposta celestial
quero ver ele ter fé sem nada
com dinheiro todo mundo tem fé
fácil de acreditar
simonia
um dia cheguei em casa
mesma rotina
dinheiro contado
na televisão vendiam santinhos
todos ricos
indulgentes
um teto no céu custa caro
saco cheio
Decido ignorar
Sua presença
melhoro no mundo.
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