domingo, 19 de abril de 2009

A DOR DE ESTÔMAGO E A BOA MESA DO EÇA





Acordo.Uma dor terrível de estômago me assola a dias.A droga da asma atacou com toda violência. A alergia alimentar transformou meu sistema gástrico em um canal de dor e mal estar.Maldito trigo,maldita macorronada, maldito vinho

barato, maldito corticoide .Até engolir água doí.Me alimento de sucos, por enquanto não me sinto disposto a procurar um hospital.Espero pacientemente a passagem da dor a base de analgésicos, história,





literatura portuguesa e maconha.Discuto com minha esposa a Relíquia, de Eça de Queiroz, e fizemos um paralelo entre ele e o realismo /naturalismo de Machado de Assis, um paráfrase de Schopenhauer no conteúdo e de Eça de Queiroz no modo de escrever. A decadente sociedade portuguesa se assemelha em muito com a também decadente sociedade da capital do império brasileiro. Afinal de contas , fazemos parte da mesma tradição agrícola fundiária que levou em ambos países a decadência do sistema monárquico e sua falência e com ela todo a estrutura da igreja, que a sustentava por todos esse anos um sistema econômico e político ultrapassado.A falsidade dos costumes católicos são mostradas pela primeira vez de forma explicita, sem máscaras morais. A relíquia é uma encomenda de uma velha tia católica que pede ao sobrinho que vai a Jerusalém a procura de relíquias católicas ou símbolos de fé:









"...Em 1875 , nas vésperas de Santo Antonio, uma desilusão de incomparável


amargura abalou meu ser :por esse tempo minha tia Patrocínio das Neves , mandou-me do campo de Santana,onde morávamos , em romagem a Jerulasem."(A relíquia ,capítulo I)



É claro que o ilustre bacharel aceitou de bom grado tal missão, ele seria bem remunerado para esta tarefa por sua santíssima tia, muito rica por sinal.Daí que eu faço uma relação entre a literatura de Machado e do Eça.Digo isto porque os protagonistas dos livros Memórias Póstumas de Brás Cubas e de" A Relíquia" são extremamente amorais, só pensam em si e no usufruto dos prazeres,comem sempre bem, não dispensando uma galinha `a cabidela, vitelas bem tenras e um bom vinho, e privilégios oferecidos pela sua classe social.O tema de fundo da ambas narrativas , pelo menos na fase realista do Machado de Assis, é o mesmo:uma crítica a cultura portuguesa, na metrópole e na ex colônia,falsamente religiosa e fora do contexto industrial do resto das potências europeias.Dentro desse contexto de decadência da matriz cultural há uma evidente relação entre o que passa corte portuguesa e aquilo o que está acontecendo no Brasil , filho de uma potência agrária decadente e também tendo as mesmas mazelas de um país que não conseguiu sair do estágio atrasado de uma economia essencialmente agrícola.Dito isto termino minha análise afirmando que a a literatura machadiana, na fase realista, é um reflexo daquilo que Eça de Queiroz escreveu,não digo um plágio, mas afiliação intelectual, comum num país ainda dependente culturalmente da ex- metrópole.





















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