Ao ler Beppo de Byron entendi porque o estilo sarcástico critico do pai do romantismo está presente em qualquer critica dos costumes que se preste. Os países quentes da Itália são um convite a toda sorte de pecados , especialmente os da carne e os da mesa. A Veneza daquele tempo tinha uma cultura avançada, onde a fé católica era coisa de velho sem nenhuma potência sexual.Então existe uma tendência a ver a realidade sobre um ponto de vista extra religioso ,não tentando ver tudo sobre a ótica carrancuda de velhos moralistas católicos ou filósofos.São as atitudes que as pessoas tomam em seus cotidianos ,da nobreza à plebe,sem distinção de classes, o pano de fundo de sua estórias, quase sempre um retrato de nosso sendo animal.Um exemplo disso é esta passagem de Beppo:
"alem do mais na Itália se consente
(embora seja um pecado horroso)
que uma mulher, em vez de um somente,
tenha dois homens:um deles , o esposo;
o outro , o tal cavalier servent ,
um posto tido como muito honroso,
espécie de marido adicional
que vem suplementar o original"
Pois é , rolava de tudo na alta roda veneziana daquele tempo.Apesar de ser o berço da cristandade,o proibido punha sabor na comida e ninguém fugia aos instintos.Mesmo porque Deus é pai da misericórdia e um dia ele sabe que envelheceremos e nos arrependeremos de nossos pecados. Por sua vez,a linguagem é debochada,como o povo fala, outra característica marcante do romantismo byroniano, resgatar o modo de ser popular ,autêntico , verdadeiro, "direto", "sarcástico" da língua autêntica.Para mim, esta mais do que evidente a meta do romantismo byroniano de se aproximar da realidade,visão bem distante dos velhos conceitos dos manuais que o viam como um mero evasivo. O fato de se encarnar um tipo de individualismo extremamente radical não significa ,sobremaneira ,um alheamento da realidade,mas uma postura outsider do mundo. Zomba porque vê a realidade leve ,sem preconceitos morais e com uma lógica de bebedor de vinho. O velho paganismo latino encarnado na Itália católica do início do século XVIII mostra como toda ideia de santidade , castidade e pensamento comum caem por terra quando o assunto é prevalência de si e o usufruto do instintos, medidos ou não.
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